Fiel à sua palavra, Nicholas chegara ao apartamento bem cedo pela manhã, para pegar Demi e Ollie, num carro alugado. Ele os levou para Harvey Nichols, onde tinham gastado mais de uma hora e mais dinheiro do que Demi gostaria com roupas para Ollie, e uma grande quantidade de itens para bebês para sua nova vida na L. A.
Agora, examinando as diversas peças de vestuário, Demi sentia-se desconfortável. Tinha gostado tanto de escolher tudo para seu filho!
— Perdoe-me — desculpou-se para Nick —, escolhi coisas demais e é tudo tão caro! Talvez devêssemos repensar?
— Sei exatamente o que é e o que não é caro... e não temos tempo para arrependimentos. Você ainda precisa comprar seu próprio guarda-roupa... embora eu imagine que prefira fazer isso sem minha presença.
Ele puxou o punho do paletó... o que era um hábito, notara Demi. Num terno diferente naquela manhã, divinamente bronzeado, numa aparência muito casual, fazia com que todas as cabeças das bonitas vendedoras se virassem para olhá-lo.
— Agendei uma vendedora pessoal para você, portanto, vou deixá-la com ela e voltarei dentro de uma hora.
Demi assentiu, gostando da idéia. Ficaria mais à vontade para escolher roupas sem Nicholas observando-a.
Quando garotinha, costumava adorar roupas bonitas e ir às compras com a mãe, somente elas duas, mas tudo aquilo havia mudado depois que a mãe se casara novamente. David reclamara que ela não estava dando à nova família uma chance de funcionar quando Demi dissera à mãe que não gostava de fazer compras com seu padrasto e com David a tiracolo.
David sempre tivera o talento de saber quando ela reclamava dele para a mãe... e a capacidade de fazê-la arrepender-se disso.
A vendedora pessoal foi uma revelação para alguém que não podia sequer lembrar-se da última vez que comprara roupas para si mesma.
Para seu alívio, Ollie, que ficara excitado entre todos os brinquedos no departamento infantil, tinha dormido no carrinho.
A vendedora era aproximadamente da mesma idade de Demi, embora estivesse usando roupas muito mais sofisticadas e ousadas.
— Eu tirarei suas medidas, primeiramente — anunciou, após apresentar-se como Lissa.
— Sempre fui tamanho 42 — disse Demi.
— Designers diferentes têm idéias diferentes do que é um tamanho específico, razão pela qual prefiro tomar medidas — informou-lhe Lissa com um sorriso. — E quanto a você ser tamanho 42, aposto que está mais perto do 38, ou 40, no máximo. O corpo da maioria das mulheres muda de peso e de forma após um parto. Você tem algum designer ou estilo específico em mente?
— Não. Isto é, vamos morar na L.A, então quero roupas adequadas para clima quente... mas nada muito caro, por favor. Prefiro coisas simples.
— Roupa para dia e para a noite? Você terá entretenimentos? Que espécie de vida social...
— Oh, não... nada disso — interrompeu Demi rapidamente. — Passarei todo o meu tempo com meu filho. Somente coisas simples e casuais. — Era difícil parecer tão firme, enquanto Lissa lhe tirava as medidas com fita métrica.
— Exatamente como pensei — declarou a outra mulher, alegremente, quando acabou de medir. — Você é tamanho 38. Agora, se gosta, sirva-se de uma xícara de café. — Ela fez um gesto em direção à máquina de café sobre a mesa. — Depois, tire a roupa e ponha um roupão. Irei buscar algumas roupas. Não vou demorar.
Lissa voltou logo em seguida, acompanhada de duas outras jovens e uma grande quantidade de roupas.
Duas horas depois, Demi sentia-se como uma criança irritada, humilhantemente perto das lágrimas.
Estava de volta em sua saia de brim abaixo dos joelhos, sob a qual sua meia-calça barata brilhava nas luzes do ambiente.
A saia era usada com uma blusa de algodão de mangas curtas que havia comprado nos últimos estágios da gravidez, que cobria desde o pescoço até os quadris. Sentia-se quente e desconfortável, e ansiava por fugir da loja e da evidente irritação de Lissa, que já tinha perdido a paciência.
— Mil perdões — desculpou-se Demi pela centésima vez —, mas não posso usar nenhuma dessas roupas.
Sua atenção deslocara-se de Lissa, porque Nick acabara de entrar na loja.
— Tudo pronto? — perguntou ele. Demi precisava dizer algo.
— Bem, não realmente... — começou ela, fazendo Nick cerrar o cenho.
— Por que não? — ele perguntou.
— Parece que tudo é muito ousado — respondeu Lissa por Demi, querendo disfarçar sua irritação.
Demi não podia culpá-la. As roupas que Lissa lhe mostrara eram bonitas... roupas de verão, com minúsculas tiras e saias diáfanas, bermudas tipo Capri bem cortadas, blusas de alças, vestidos com decote em "V" sem mangas... roupas apropriadas para um local quente. Roupas que chamariam a atenção dos olhos masculinos. Uma coleção enorme de maios e biquínis, saídas de banho, sandálias com e sem salto, roupas de algodão tão finas que eram transparentes... tudo que qualquer mulher pudesse precisar para uma longa permanência num clima quente. Mas Demi havia rejeitado absolutamente tudo.
— Ousadas demais? — Nick estudou a pilha de roupa para a qual a vendedora estava agora gesticulando com a mão. Ele era italiano e arquiteto, por treino e desejo. Boas linhas eram importantes e não podia ver nada nas roupas que estavam expostas que merecessem a descrição de "ousadas demais".
Voltou o olhar para Demi, examinou-lhe a aparência na blusa ultra larga e na saia de brim e arqueou a sobrancelha, ao perceber que ela estava usando uma grosseira meia-calça.
— A temperatura pode subir acima de 40 graus na L.A no verão. Você precisará de trajes leves e soltos. Será impossível continuar usando essa espécie de roupa que usa agora. — Ele voltou-se para a vendedora e disse-lhe com firmeza: — Levaremos tudo.
Tudo? Tudo aquilo? Ele só poderia estar brincando. Mas não estava.
Era assim que as coisas seriam de agora em diante?
Nick iria sempre lhe dizer o que ela podia e não podia fazer? Automaticamente, Annie empertigou-se, determinada a não permitir que aquilo acontecesse.
— Temos de nos mexer. Meu irmão arranjou um jato de sua frota para nos levar para a L.A dentro de quatro horas, portanto, sugiro que voltemos agora para seu apartamento. Falei com o senhorio, a propósito, e cancelei seu contrato.
— Cancelou-o? Mas e se eu mudar de idéia e quiser trazer Ollie de volta?
— De volta para o quê? Seu meio-irmão ligou para meu escritório esta manhã e deixou uma mensagem, perguntando se eu tinha conseguido localizá-la.
Nick falara aquilo deliberadamente, para que ela desistisse de vez em pensar em voltar? Estaria querendo manipulá-la? Demi teria cometido um grande erro?
Como seu humor agora contrastava com a gratidão que sentira por ele na noite anterior. Por que era tão boba? Sua mãe, freqüentemente, dizia que Demi julgava mal o caráter das pessoas. Dissera aquilo quando Demi havia se encantado por um rapaz da universidade que a convidara para sair, e também sobre Rachel, uma colega que sua mãe alegava ser má influência para ela.
E, obviamente, Demi julgara mal a extensão da malícia de Joseph, e sofrerá as conseqüências.
Já havia cometido erros demais, e não iria deixar que Nicholas Jonas a levasse a cometer mais um.
Levantou o queixo e desafiou-o:
— O que você dirá a ele?
— Nada. Ele é seu meio-irmão, portanto cabe a você decidir se quer ou não que ele saiba.
A resposta irritou-a e a fez sentir-se tola.
— Eu a deixarei no seu apartamento, de modo que possa fazer as malas com tudo que quiser. Não se incomode em levar qualquer coisa referente ao bebê. Telefonei para Kevin e pedi que a esposa dele providenciasse o necessário. Você precisará de seu passaporte, é claro. Não espero que tenha um para Oliver, portanto consegui, na Embaixada britânica, que obtivessem um com urgência. Uma fotografia será necessária, então teremos de tirá-la agora, antes que eu a deixe no apartamento.
Nick tinha pensado em tudo, admitiu Demi, exausta, mais tarde, quando a limusine parou na pista, apenas a alguns metros do reluzente jato que os aguardava.
A última vez que Demi voara havia sido quando fora para L.A com Susie e Tom, como pesquisadora, para Tom, Ele tinha comparecido a uma mostra de um filme baseado em um de seus livros e usado a viagem como fonte de informações para seu novo livro. Essa era a razão pela qual ela estivera em Nikki Beach... porque Tom sentira que ela poderia obter uma nova visão da cena a partir da perspectiva feminina.
Demi havia tentado protestar que não era aquele tipo de pesquisadora e que preferia trabalhar entre os livros da Biblioteca Britânica, mas Tom se recusara a ouvi-la.
Tom ficara arrasado com o que tinha acontecido a ela, culpando-se, até que Demi lhe implorara para não fazer aquilo.
Tanto ele como Susie sentiam que era melhor que Demi não tivesse recordações do ocorrido depois de ingerir a bebida com droga, até que recuperara a consciência e Susie a encontrara, mas David não compartilhava a mesma opinião. Pressionara-a diversas vezes, insistindo que ela precisava lembrar-se de alguma coisa.
Ele nunca conhecera ninguém cujos olhos fossem tão extraordinariamente expressivos, Nicholas reconheceu.
Podia ver claramente a dor e o medo escurecendo-os e imaginou quem e o que haviam provocado aquilo.
— Deixe-me levar Oliver por você — ele ofereceu, estendendo a mão para o bebê agora acordado quando o chofer abriu a porta do carro.
Imediatamente Demi recuou, segurando o bebê fortemente.
— Posso me arranjar, obrigada.
Ela protegia muito o filho, admitiu Nicholas, e disse-lhe secamente:
— Sou tio dele.
— E eu sou a mãe — retrucou Demi, na defensiva.
— Você verá que nas famílias italianas é esperado que os bebês sejam passados de mão em mão entre os parentes, de modo que todos na família possam compartilhar a alegria de tê-los — ele informou a Demi.
Tolamente, aquelas palavras levaram lágrimas aos olhos de Demi. Não havia nada mais que quisesse para Ollie do que uma família grande e amorosa, que o recebesse em seus corações, que o aceitasse e amasse. E que fizessem o mesmo com ela?
O motorista ajudou-a a descer do carro e um comissário de bordo uniformizado veio do avião para cumprimentá-los, seguido pelo piloto. Nenhum dos dois parecia curioso sobre ela. Muito bem treinados, concluiu Demi. Eram, provavelmente, usados nas viagens privadas de Nicholas Jonas acompanhado por uma mulher. Mas não uma mulher como ela, claro. As mulheres de Nicholas deviam ser elegantes e seguras de si. Usariam roupas de alta moda, que exibissem a sensualidade de seus corpos. Definitivamente, não vestidas como Demi, nem segurando o filho de seu desditoso falecido meio-irmão.
Por que estava se comparando a elas? O tipo de mulher que Nick namorava e Demi Lovato eram mundos distintos. De repente, sem saber por quê, ela sentiu uma intensa tristeza, por tudo que tinha perdido, tudo que lhe fora negado. Haveria uma mulher na vida dele? Uma mulher especial? Uma mulher que Nicholas planejava que fosse a mãe de seus filhos? A tristeza se intensificou.
Qual era o problema com ela? Possuía tudo que queria. Era para o bem de Ollie, não para si própria, que vivia. Porque ele jamais saberia o que era ser filho de duas pessoas que o haviam criado fora do amor. Demi sabia o que era crescer sem um pai e detestava pensar que Ollie sofreria aquela mesma perda.
— Deixe-me pegá-lo agora. — Nick estendeu a mão para Ollie, pegando-o antes que ela o impedisse, e não lhe deixando outra opção senão permitir que o comissário de bordo a guiasse para os degraus do avião.
Demi tentou não ficar impressionada, mas não era fácil. Nunca imaginara que o interior de um avião pudesse ser daquele jeito... mobiliado, mais como uma sala de estar do que como os interiores de avião que lhe eram familiares.
Nick a seguira para dentro do avião e estava apontando o berço que fora preparado para Ollie.
O bebê estava inteiramente acordado agora, olhando em volta com expressão encantada.
Ele era o bebê mais lindo do mundo, pensou Demi numa onda de amor. Ela o vestira com uma de suas novas roupas, e ele parecia saber que estava adorável. Annie, por outro lado, vestia sua blusa feia e sua saia de brim... embora tivesse colocado sua capa de chuva, também, mesmo que o entardecer estivesse calmo e seco.
Oh, sim, sua nova família amaria Ollie, ela concluiu, depois que o comissário de bordo mostrou-lhe como apertar o cinto de seu assento e o avião começou a decolar.
Eles o amariam, mas como se sentiriam em relação a ela? O quanto sabiam sobre ela?
Demi estava preocupada com alguma coisa, pensou Nick, observando o agora familiar escurecimento de seus olhos. Embora, obviamente, não fosse com a aparência. Ele nunca conhecera uma mulher menos preocupada com a aparência. O que fazia uma mulher jovem e potencialmente muito atraente vestir-se daquele jeito?
Os sinais de cintos apertados desapareceram e Nick desafivelou o dele.
O que importava o modo como Demi se vestia? O filho dela era sua preocupação e seu dever. Mas, e quanto a seu dever em relação a Demi, sendo o irmão do homem que a violentara?
Demi não podia mais conter sua ansiedade. Seus dedos tremiam quando desafivelou o cinto de segurança e inclinou-se na direção de Nicholas Jonas.
— Seus irmãos e esposas... o que... o que eles sabem sobre mim? — perguntou, o corpo tenso.
— Sabem que você é a mãe de Oliver e que ele é um Jonas.
Ela corou, mas ignorou aquilo, pressionando-o com determinação.
— Eles sabem como eu tive Oliver? Sabem...
— Que Joseph a drogou e depois a violentou? — terminou ele por ela.
A voz de Nicholas era mais áspera do que Demi esperava, marcada por tudo que sentia sobre seu meio-irmão falecido, e sua aversão pelo mal que causara ao nome da família, mas para Demi sua aspereza era uma acusação, e ela encolheu-se.
— Sim, eles sabem — confirmou Nick.
A reação imediata de Demi alertou-o.
— Eles sabem e compartilham meus pontos de vista sobre o assunto — acrescentou ele, com ênfase.
— Por que você contou a eles? — perguntou Demi, sentindo-se apreensiva por estar prestes a conhecer a família siciliana e ser julgada por eles.
— O que está tentando dizer?
— Não é óbvio? Seu irmão negou o ocorrido. Recusou-se a aceitar Ollie como seu. Como vou saber que seus irmãos e as esposas aceitam o que realmente aconteceu? — Quando ele não falou, ela acrescentou, euforicamente: —Acha que quero pessoas sabendo o que houve comigo? Acha que quero Ollie crescendo com pessoas que sabem como ele foi concebido? Foi muito ruim que Susie e Tom soubessem, mesmo antes... — ela fez uma pausa, repentinamente percebendo que estava dizendo mais do que pretendia.
A reação angustiada de Demi trouxe à superfície coisas que Nick já havia considerado... como lidar com aquilo. Já passara por situação igual quando fora encontrar a vítima de Joseph e seu filho.
Já discutira com seus irmãos a preocupação em Oliver ser filho de Jodeph, e no que poderia se tornar quando crescesse.
— A última coisa que queremos é outro Joseph — dissera Frankie abruptamente —, e se deixarmos a criação por conta de nosso pai, é exatamente o que o menino se tornará.
— Não permitirei que isso aconteça — assegurara Nick. — Eu reconhecerei a paternidade da criança.
Ambos os irmãos o olharam de tal maneira que ele se sentiu obrigado a continuar:
— Sei o que estão pensando. Minha paternidade por vocês dois continha mais intenção do que habilidade.
— Engana-se, Nick — respondeu Frankie. — O que estamos pensando é que não há ninguém melhor para fazer o papel de pai dessa criança do que você. Somos ambos eternamente gratos por tudo que fez por nós.
Tinha sido um momento emocional e que ainda os comovia. Ele era muito jovem quando a mãe deles morrera e o pai se casara novamente... jovem demais para assumir a responsabilidade de proteger os irmãos.
— Admita isso, Nicholas — provocou Kevin, numa tentativa de diminuir a tensão —, você quer ter esse menino sob suas asas porque sente falta de nós dois embaixo delas. Deveria encontrar uma mulher para amar, irmão... casar-se com ela e ter seus próprios filhos.
Seus próprios filhos!
Nick tinha visto sua mãe definhar, então, voltar às costas para a vida sob o fardo de ser a mulher do chefe da família. E depois vira a segunda esposa do pai florescer avidamente naquela posição, deleitando-se com a riqueza e o poder de seu status. Invejava seus irmãos e seus casamentos, e o amor que eles, obviamente, compartilhavam com as esposas, mas a situação deles era diferente! Os desejos pessoais de Nicholas vinham sempre em segundo lugar, após o dever. Um dia seria o chefe da família, e seu dever era continuar o nome Jonas.
Se cassasse, sua esposa teria de entender e compartilhar seu objetivo, e reconhecer o fato que seu dever sempre seria uma terceira presença no casamento deles.
Nick duvidava que pudesse encontrar uma mulher com quem compartilhar um amor verdadeiro e que, ao mesmo tempo, entendesse seu papel como herdeiro do príncipe.
Olhou para Demi, que agora era parte de suas responsabilidades.
— Você fala como se sentisse vergonha — disse ele. — Mas era Joseph que deveria ter vergonha. Cabe a nós, como família, nos envergonharmos da atitude dele, não de você. Eu, como o mais responsável, devo impedir que a vergonha de Joseph contamine você ou Oliver. Tem minha palavra que meus irmãos sentem exatamente o que sinto.
Era impossível não acreditar nele, mas Nick tinha falado somente dos irmãos, Demi reconheceu. E as esposas deles? Questionariam a veracidade das versões do que ocorrera?
O comissário de bordo apareceu para perguntar o que ela gostaria de beber.
— Apenas água, por favor.
Havia algo mais que Nick sabia que precisava falar... uma vez que Demi levantara a questão.
— Se Oliver aprender a sentir vergonha, então é de você que ele aprenderá, se usar palavras com descuido... como parece usar suas roupas.
Os olhos de Demi fuzilaram Nick, com raiva.
— Não há nada errado com minhas roupas.
— Ao contrário, há muita coisa errada com elas, para uma mulher da sua idade.
Demi ficou na defensiva, novamente irada.
— Bem, gosto delas. Sou eu quem tem de usá-las.
A voz de Demi estava tornando-se tão alterada quanto suas emoções.
— É impossível. Nenhuma mulher da sua idade pode gostar de trajes tão feios. E lembro-lhe que sou eu quem tem de olhar para eles.
Demi estava com raiva, muita raiva e... embora relutante em admitir... magoada, também.
— Apenas porque o tipo de mulheres que lhe agrada, apenas porque suas namoradas vestem roupas de última moda isso não significa...
— Não tenho namorada — Nick a interrompeu, em voz baixa.
Ele não tinha namorada! Por que ela, de repente, sentiu-se estranhamente alegre, quase encantada? Não porque Nick não tinha namorada, claro.
— O calor de verão na L.A é tão forte que será impossível vestir-se como está vestida agora e sentir-se confortável. As jovens de L.A andam de pernas nuas no verão e usam tops sem mangas.
— Elas podem fazer o que bem entenderem, mas prefiro usar roupas que não sejam ousadas e não chamem atenção.
— Usar roupas tão inapropriadas atrairá a atenção dos outros. Então, talvez secretamente, por mais que negue, é isso que você quer?
— Não! Em absoluto. A última coisa que quero é que os homens olhem para mim.
Demi levantou-se enquanto falava, tão agitada e preocupada que tudo que podia fazer era procurar ansiosamente fugir.
Nick não tivera a intenção de provocar aquela reação extremada.
E não mencionara nada sobre seu próprio olhar de desejo para ela. Mas Demi estava tremendo, da cabeça aos pés, olhos imensos no rosto delicadamente delineado... imensos e assombrados com algo que parecia medo.
— Não tive a intenção de dizer que você está deliberadamente chamando a atenção masculina — ele tentou assegurá-la, mas Demi sacudiu a cabeça.
— Sim, você teve. Suponho que secretamente pensa que encorajei Joseph... que mereço o que aconteceu comigo.
As palavras explodiam de Demi agora, como veneno de um ferimento profundo. O som de sua dor encheu-o de compaixão, despertando seu enraizado senso de responsabilidade em relação ao vulnerável, cultivado durante os anos de sua juventude, quando tentara proteger os irmãos das conseqüências da falta de amor do pai.
Nick também se levantou.
— Não penso assim. Sei que você é totalmente inocente.
Tinha a atenção de Demi agora. Os lábios dela entreabriram-se e o sofrimento desapareceu de seu olhar.
—Você... —Demi ofegou quando o avião de repente enfrentou uma turbulência, tirando-lhe o equilíbrio.
Nick segurou-a quando ela tombou e caiu contra seu corpo, o rosto delicado pressionado contra o imaculado algodão de sua camisa, enquanto ele a envolvia com os braços. Demi podia sentir as fortes batidas do coração de Nick. Sua própria pulsação estava disparada, carregada de uma mistura de pânico e choque. Sentiu a cabeça latejar, reconheceu, tonta e aturdida. Devia ter alguma coisa a ver com a atmosfera da cabine, falta de oxigênio ou algo assim...
Talvez alguma coisa como a proximidade de certo homem? Ele estava usando a mesma colônia que usara antes, seu perfume levemente mais forte dessa vez, porque estavam muito mais próximos.
Demi sentia algo percorrer seu baixo-ventre. Vergonha, é claro, tinha de ser. Não tinha permissão de sentir nada além de vergonha nos braços de um homem. Sabia disso. Seu corpo tremia e os braços que a seguravam apertaram-se à sua volta.
— Está tudo bem, fique calma. É apenas um pouco de turbulência — murmurou Nick contra seu ouvido e sentiu que ela tremia.
Nemi *_* Meu sonhos /ImpossivelNé?
ResponderExcluirPerfeito.